terça-feira, janeiro 24

Ser culto hoje

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Foto: Fuse

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Desde a virada do milênio, o homo sociabilis vem se perguntando, sem muito resultado, “o que é ser culto hoje?”
Há poucas décadas, alguém diria que ser culto é ter lido Socrates, Platão, Aristóteles, Cícero, Agostinho, grandes escritores como Homero, Dante, Vitor Hugo, Shakespeare, Machado, Alencar, Rui Barbosa; ser culto é conhecer a obra de Rousseau e Nietzsche; ser culto é ler latim e grego, além da língua materna e de uma língua moderna; ser culto é conhecer da Historia Universal todos os personagens e todos os conflitos; enfim, ser culto é ser uma enciclopédia viva.
E hoje? Seria possível estabelecer algum padrão confiável de dotes e dons intelectuais (hoje se fala muito em habilidades e competências) para se rotular alguém como “pessoa culta”? O perfil do passado, hoje, apenas com uma lupa e uma vela acesa pra São Longuinho, seria possível encontrar, mesmo na Internet.
Uma pessoa que, mesmo sendo dona de uma bagagem cultural enorme, não domine as ferramentas de Internet, não saiba utilizar os recursos de um celular, de um notebook ou de um tablet, que não leia, pelo menos, inglês e espanhol, além de sua língua materna, poderia receber esse galardão?
Alguém que você julgue inteligentíssimo, não estando antenado aos aspectos sociais, étnicos, humanos, globalizantes e inclusivos do conhecimento e livre de preconceitos e de qualquer tipo de segregação, seria um candidato ao título?
Os mais jovens poderiam dizer “pra q qmá a mufa cum tudo iço, si tá tudo lá, no Googo?” Muitos valores se perdem em contrapartida ao que nos proporciona a modernidade.




Abraço aos candidatos!