sexta-feira, dezembro 9

Quem conta um conto...

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Photography by Dan Tentler


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Quando eu era criança pequena no reino do faz de contas, adorava ouvir estórias. Meu pai contava umas assustadoras! Mas as que eu mais gostava eram as estórias que minha vó contava. Eram aquelas clássicas: historias de príncipes e princesas, de cavaleiros, de lobisomem, de lobo-mau, de mula-sem-cabeça e até de alma penada. Logo cedo me acostumei com o termo “estória de trancoso”. Sem me preocupar com a estranheza do termo, sabia que aquilo significava ouvir muitas narrativas super interessantes e às vezes arrepiantes. O povo sempre contou suas estórias, lendas e fábulas.


Muitos anos mais tarde, passei a me preocupar com outro aspecto das “estória de trancoso”, o nome. Por que “estória de trancoso”? Por que não fabulas, estória de fantasmas, de assombração ou outro nome qualquer?


Com base no maior contador de estórias da modernidade, a Internet, o termo vem da tradição portuguesa das narrativas populares, que inicialmente eram baseadas nas estórias de Gonçalo Fernandes Trancoso, talvez o primeiro contista português. Daí, HIstórias de Trancoso.


“Gonçalo Fernandes Trancoso nasceu em Trancoso – Portugal, na segunda década do século XVI e faleceu em 1596. Terá sido professor de Humanidades. Vivia em Lisboa quando a cidade foi assolada pela peste em 1569. Escreveu Contos e Histórias de Proveito e Exemplo (1575). As suas histórias comungam em certa medida da tradição de Chaucer e Boccaccio. É um dos primeiros contistas portugueses. A sua obra teve grande sucesso, sofrendo múltiplas reimpressões até ao século XVIII.” (Disponível em: http://alfarrabio.di.uminho.pt/vercial/trancoso.htm)


Em qualquer lugar do mundo o povo conta e reconta suas estórias.


A gente escuta, a gente conta. Conte uma.


Bom final de semana!