quinta-feira, dezembro 15

A grande mágica

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Meu avô tinha uma caneta “mágica”. Eu tinha uma curiosidade enorme para descobrir qual era o segredo dela. Em ébano com detalhes dourados, aquela caneta tinteiro era tentadora. Meu vô passava noites em claro debruçado sobre a escrivaninha de mogno “brincando” com aquele bastão mágico. Rodeado de livros e rascunhos, ele muitas vezes adormecia sobre os papéis, agarrado à caneta. Em suas mãos, ela parecia encantada; enquanto rodopiava sobre o papel como uma bailarina, ia narrando em sua trilha lindas estórias. Mais tarde, ele mesmo as lia pra mim. Aliás, ler era outra mágica que meu vô sabia fazer muito bem!


Certa vez, não resisti à tentação de mexer na preciosidade. Foi aí que tive a certeza de que ela era realmente mágica. Pois não consegui tirar dela as histórias que meu vô “fazia” brotar como água da fonte; tudo que consegui foi borrar um montão de papeis. Não saiu nem uma letrinha sequer. Devia ter uma palavra mágica que eu ainda não conhecia...


Alguns anos mais tarde, descobri que o truque que meu vô fazia, qualquer um poderia fazer, desde que aprendesse os segredos da leitura e da escrita. A partir daí, a mágica então se dá na cabeça de cada um; a caneta apenas conta. O letramento é um grande encanto!


Foto By: Ekaterina Monakhova

Bom final de semana!