quarta-feira, outubro 19

Escrever: fim do prazer?

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By: Tetra Images


Assusta a velocidade de evolução das tecnologias que nos cercam e a maneira como elas afetam nosso modo de vida. Um claro exemplo disto é a questão da leitura e escrita. Quando o homem desenvolveu o alfabeto, escrevia-se em tabletes de argila ou em placas de pedra. Hoje, já superamos esta fase há muito, até já saímos do papel. Temos agora o texto digital: Word, PDF, etc. A onda mais moderna é o hipertexto e os Pad para leitura. Daí por diante os avanços são imprevisíveis.

O que muito me preocupa é a forma como tudo isto chega às salas de aula, principalmente em países como o nosso que adora copiar as coisas lá de fora – uma “antropofagia” inconseqüente.

Veja aonde quero chegar: o computador já está nas salas de aula, mas ainda não mostrou a que veio. As metodologias e os programas não se adaptaram a ele, quiçá os professores. Há uma onda nos Estados Unidos, e que não tarda em chegar por aqui, que é no mínimo polêmica. Alguns Estados americanos, como Indiana, por exemplo, estão abolindo do currículo escolar a obrigatoriedade do ensino da escrita à mão; os alunos já deverão aprender a escrever direto no computador.

Creio que as duas ferramentas terão que conviver por muito tempo. O processo de interação entre o cérebro e o teclado não é o mesmo que ocorre com o papel através da caneta ou do lápis. Os processos psicomotores que são ativados no ato da escrita a mão são riquíssimos e complexos. Não se limitam apenas a codificação ou decodificação do código escrito, como acontece no ato mecânico de escolher teclas no teclado de um computador. O desenvolvimento psicomotor e a própria coordenação motora estão intimamente interligados ao processo de aprendizagem da escrita, no desenvolvimento da caligrafia. Sem falar no prazer de ver a criança escrever as primeiras palavras...impagável! Não podemos pular esta etapa do processo de aprendizagem!

Socorram-me pedagogos, psicólogos e demais especialistas de plantão! Pode?