quarta-feira, setembro 30

Um mediador entre culturas

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FOTO:Vicent Garcia Editores




Você, com certeza já leu algum autor estrangeiro como, por exemplo, Shakespeare, Cervantes, Jane Austin, Kafka, Rousseau e tantos outros. São muitas ideias e muitas culturas diferentes. Várias línguas, na verdade. Então você diz: ah eu estou lendo Shakespeare, ou eu estou lendo Kafka e por aí vai. Na verdade não estamos lendo esse ou aquele. Estamos lendo a interpretação que alguém fez do texto original. Esse alguém, lamentavelmente, quase sempre passa despercebido durante a leitura. Quando você está lendo uma obra de origem estrangeira, na sua língua materna, não se preocupa em saber quem a traduziu, muitas vezes nem se dá conta de que está lendo uma tradução, não é mesmo? É em homenagem a essa classe esquecida e de tão valiosa importância para a difusão de ideias pelo mundo, que escrevo este post. Hoje, 30 de Setembro é dia do Tradutor. Parabéns aos Homens das letras!

Traduzir, falando de maneira simples, é como transportar, por exemplo, Cervantes ou Rousseau até o leitor brasileiro, que não fala o espanhol nem francês, mas que nem por isso quer ficar alheio à difusão do conhecimento pelo mundo.

Você deve ter um tradutor automático no seu computador ou no seu Blog, mas não é deste tradutor que estou falando. O tradutor automático é uma das poucas modernidades que ainda não funcionam. A tradução como transposição de significados de um código linguístico para outro é uma das mais antigas preocupações do ser humano. Talvez exista desde o surgimento da escrita, visto que diferentes formas de escrita surgiram pelo mundo, e em tempos diferentes. Como sabemos, a escrita cuneiforme surgiu por volta do ano 4000 a.C. na Mesopotâmia, a hieroglífica surgiu no Egito cerca de 500 anos mais tarde, e a escrita chinesa, com certeza conta mais de 3.500 anos de existência.


FOTO: Alltheweb.com




Inúmeros registros arqueológicos e históricos comprovam a remota origem deste processo. Um glossário bilíngue Sumério-acadiano, possivelmente o mais antigo deles, encontrado na Mesopotâmia, atesta a preocupação do homem em falar e entender a língua do outro já no ano 2.250 a.C. Os targum, traduções dos Escritos Sagrados para o Aramaico, feitas por volta do ano 300 a.C., sua posterior tradução para o Hebraico e o Grego em 250 a.C., a Pedra de Roseta, encontrada no Egito em 1799 e datada de 196 a.C., que apresenta inscrições em três registros linguísticos distintos (Grego, Egípcio e Demótico) são outras importantes evidências da preocupação com a tradução na antiguidade.

As traduções bíblicas foram de grande importância para a evolução dos estudos da Tradução. No quarto século da Era Cristã, São Jerônimo fez nova tradução da Bíblia, desta vez para o Latim. Esta edição ficou conhecida como Vulgata e passou a ser a tradução oficial das Escrituras Sagradas para a Igreja Católica, como assim permanece até hoje. Muitas outras traduções se seguiram, fazendo da Bíblia o livro mais traduzido no mundo e um excelente laboratório de tradução.

São Jerônimo, Eusebius Sophronius Hieronymus, nasceu em Strídon por volta de 340 e faleceu em Belém em 30 de Setembro de 420. São Jerônimo ficou conhecido como o tradutor da Bíblia e tornou-se patrono dos Tradutores. A data de hoje é em sua homenagem e de todos os tradutores.


Parabéns “Homens invisíveis”!



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PS: Da próxima vez que você citar um autor estrangeiro em qualquer trabalho escrito, inclusive posts, não esqueça de dar o devido crédito também a quem o traduziu, a quem o “trouxe” até você.