terça-feira, dezembro 2

Cotidiano...

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O cotidiano de Santo Antônio - de José Pereira

Ao acordar o sol já estava alto, o despertador não funcionara. Logo hoje que tinha uma importante apresentação que poderia lhe valer uma promoção, promoção esta que perseguia há mais de um ano.

Tomou um banho rápido, vestiu-se, comer nem pensar, saiu correndo, quem sabe daria tempo de pegar a condução que a levava diariamente ao trabalho, mas, ao se aproximar do ponto de ônibus viu que o mesmo acabara de passar, agora não tinha jeito era esperar o próximo, torcer para que não pegasse nenhum congestionamento e conseguisse chegar a tempo. Hoje não poderia se atrasar.

Enquanto esperava a próxima condução e para se acalmar começou a pensar na sua rotina. Todos os dias tomava o mesmo ônibus para o trabalho e quase invariavelmente iam as mesmas pessoas, algumas até a cumprimentavam.

Vários adolescentes iam para o colégio naquela algazarra típica da idade, senhoras com seus terços rezando, algumas jovens aproveitando para fazer a maquiagem, sempre tinha um senhor de cara amarrada com um palito de dentes na boca, ela nunca o viu dar um sorriso, mas o que ela mais gostava era de ver aquele rapaz moreno, lindo, deveria ter uns 3 anos a menos que ela, durante todo esse tempo de segunda a sexta-feira sempre trocavam olhares, nunca se falaram, e quando ela o encarava sempre desviava o olhar. Será que é tímido?

Finalmente a condução chega, tudo transcorreu sem incidentes e ela conseguiu chegar a tempo de fazer a sua apresentação e assim continuar sonhando com a promoção.

Mas decidiu que ao sair do trabalho, vai comprar um novo despertador, para poder pegar a sua condução de sempre e voltar a sua rotina...


Cotidiano - Chico Buarque